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Ao redor do mundo pela ciência: Trazendo um pouco de “selvageria inóspita” à Universidade de Michigan (U-M)

por James Tobin

English version (Michigan Today)

Quando Mary Sue Coleman, reitora da Universidade de Michigan, visitar o Brasil este mês, renovará vínculos existentes na história da U-M desde longa data, remontando a um jovem naturalista que explorou o ecossistema da Amazônia quase 50 anos antes da famosa expedição de Theodore Roosevelt ao Rio da Dúvida.

Joseph Beal Steere

Nascido em 1842, Joseph Beal Steere foi criado por pais quakers e presbiterianos na fazenda da família perto de Adrian no Condado de Lenawee em Michigan. Cresceu fascinado por pássaros e animais. Um primo mais velho e abastado que vivia em Ann Arbor – madeireiro de nome Rice Beal – percebeu a inteligência do menino e ajudou a custear seus estudos, inclusive a universidade.

No campus, Steere pesquisou as coleções de zoologia como voluntário estudante, e aprofundou-se em um livro recém-publicado, o Naturalista no Rio Amazonas, de autoria do explorador inglês Henry Walter Bates. O relato de Bates de seus 11 anos entre as abundantes espécies da floresta tropical da Amazônia – tucanos de crista encurvada, enormes tartarugas de rio, macacos de face avermelhada e jiboias – foi uma das grandes narrações de viagens da época, e despertou uma ambição extraordinária em Steere.

Mapeamento da paisagem viva

O naturalista que estava se desenvolvendo obteve o bacharelado em 1868 e o diploma de advogado em 1870. Foi então que comprou passagem para a América do Sul em uma pequena escuna. (Mais uma vez o seu primo Beal ajudou a financiar os custos.) Paralisado no Mar de Sargaço, Steere mergulhou uma tábua salpicada de pregos na água e retirou um maço de algas com pequenos animais marinhos. Começava uma extraordinária aventura de coleta científica.

Steere coletou 60.000 animais, pássaros e insetos e bem mais de 1.000 plantas para a U-M.

Steere aventurou-se pela selva brasileira logo depois de a Origem das Espécies, de Charles Darwin, causar o primeiro impacto entre os naturalistas.  Os primeiros exploradores naturais coletaram espécimes zoológicos e botânicos principalmente para exibi-los. No entanto, a geração de biólogos de Steere estava mais interessada em resolver as implicações da teoria revolucionária de Darwin. Queriam saber exatamente onde viviam as espécies e como estavam distribuídas em seus habitats. Não estavam apenas colecionando novidades. Estavam mapeando a paisagem viva.

O panorama em que Steere se encontrava agora era muito mais sinistro do que os bosques e prados do meio-oeste onde tinha crescido. Sob a vasta cobertura verde ele foi atacado por um “silêncio e trevas” profundos. Assim escreveu: “a impressão se aprofunda quanto mais se conhece. . . Os poucos sons dos pássaros têm um caráter pensativo ou misterioso que intensifica o sentimento de solidão em vez de comunicar um sentido de vida e alegria.” De manhã cedo e ao cair da noite, multidões de macacos no alto “emitem um ruído pavoroso e atormentador”, disse ele, “sob o qual é difícil manter a exuberância do espírito. O sentimento de selvageria inóspita aumenta 10 vezes sob essa gritaria pavorosa.”

Insetos, Mamíferos e Pássaros que não acabam mais!

Mas a sensação de uma floresta mal-assombrada não diminuiu o zelo de Steere por exploração e estudo. Ele continuamente acumulou volumes enormes de espécimes e os remeteu a Ann Arbor um por um – insetos, plantas, pássaros e mamíferos. Reuniu-se com povos indígenas, tomou notas de seu folclore e idiomas, e permutou amostras de seus instrumentos e armas.

Steere passou um ano e meio cruzando o Brasil em embarcações fluviais e a pé, e depois entrou no Peru para coletar mais amostras nos Andes. A seguir, foi para o norte e entrou no Equador, regressando posteriormente ao Peru. Em Lima, aparentemente inesgotável, embarcou em um navio a vapor para a China. Lá, continuou a colecionar, seguido de explorações de habitats em Formosa (atualmente Taiwan), Filipinas e Índias Orientais Holandesas (atualmente Indonésia). Steere foi o primeiro naturalista ocidental a estudar certas áreas das Filipinas. E os contatos que fez lá ajudaram a criar fortes vínculos entre a U-M e esse país insular.

Enquanto isso, em Michigan, os naturalistas de Ann Arbor estavam contando e catalogando os volumes de espécimes de Steere. No total, descobriram que ele tinha recolhido cerca de 60.000 animais, pássaros e insetos, e mais de 1.000 plantas. Até então as coleções naturais da Universidade de Michigan se baseavam principalmente nos Grandes Lagos. O enorme acréscimo internacional a seu acervo – que logo seria chamado Coleção de Beal-Steere, em homenagem tanto ao financiador, primo de Steere, como ao próprio colecionador – impulsionou a construção do primeiro museu autônomo da Universidade, aparentemente o primeiro deste tipo em uma universidade pública. E mesmo antes de Steere voltar para casa, os Regentes da U-M concederam-lhe o diploma de doutorado honorário e o nomearam instrutor de biologia.

Amigos pela Ciência

“A expedição teve um sucesso enorme”, escreveria mais tarde seu colega Frederick Gaige. “Espécimes zoológicos, incluindo pássaros, mamíferos, répteis, peixes, conchas, corais e insetos. Entre seus espécimes botânicos figuram plantas, madeiras, flores e frutas. O material antropológico incluiu um grande número de espécimes de cerâmica, armas, implementos, peças cerimoniais e vestuário…. E acumulou um grande volume de observações de primeira mão. . . Em todos os lugares fez amigos – amigos pela ciência, por seu país nativo, por sua instituição e por si próprio.”

Após cinco anos de estudos no exterior, Steere finalmente voltou para casa. Na Universidade de Michigan chegou rapidamente ao grau de Professor Catedrático. Dirigiu o trabalho do museu e lecionou durante 16 anos, retornando duas vezes ao Brasil e uma vez às Filipinas. Aposentou-se jovem em uma fazenda nos arredores de Ann Arbor, embora mantendo vínculos estreitos com a Universidade e seus ex-alunos pelo resto de sua vida. Faleceu aos 98 anos de idade em 1940.

 

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